ARTIGO - Do campo à indústria: uma jornada de conquistas pela cadeia produtiva do tabaco

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Por Tioni Jackisch, executivo de Negócios na Philip Morris Brasil 

Quebrar paradigmas não é fácil. Seja qual for a situação, esse é um processo trabalhoso, que gera incertezas, pois há um universo desconhecido à frente. Sei na pele o que isso significa, e compartilho aqui um pouco do que aconteceu comigo, para quem sabe, inspirar e validar a transformação de uma realidade que me levou a inúmeras conquistas. Sou bisneto, neto e filho de produtores de tabaco, nascido em Sinimbu, de uma família de ascendência alemã. Por enquanto, sei que não há nada de novo nessa história, afinal, no Vale do Rio Pardo, um bom número de moradores tem esse mesmo histórico. 

Como filho único, continuar o trabalho executado pela minha família na lavoura e até mesmo usufruir os frutos colhidos, era o caminho mais natural e confortável a ser percorrido. Meus pais sempre me estimularam a estudar, apesar de toda a dificuldade que só quem nasceu e cresceu na zona rural conhece a respeito das distâncias que são necessárias percorrer para frequentar com assiduidade uma escola. Aos 11 anos, quando fui estudar no centro da cidade de Sinimbu, eram duas horas diariamente para percorrer os mais de 20km de estrada de chão, de ônibus. 

Mas foi a vivência na escola que intensificou em mim habilidades natas, fortes desde muito criança, como o interesse por contar e ouvir histórias. Aos 14 anos, por puro hobby e incentivo da minha professora de língua portuguesa, fui um dos idealizadores de uma rádio escolar e, na juventude, tive a oportunidade de fazer alguns trabalhos em rádios da região, além de outras atividades ligadas à comunicação. Quando chegou a hora de decidir pelo curso que faria na faculdade, a escolha natural seria o Jornalismo, mas optei por me desafiar mais uma vez e escolhi o curso de Administração.   

Gosto do planejar, executar e solucionar desafios.  Me deparei então, com conteúdos totalmente novos que, para quem cursou em escola pública a vida toda, exigiu muita dedicação da minha parte para não ficar para trás em relação à turma. As experiências profissionais que surgiam durante o curso também não eram tão satisfatórias em termos de função e remuneração, pois geralmente era o suficiente para pagar apenas a mensalidade. Me inspirei no histórico da minha família, de luta e sacrifício, para persistir e conseguir uma vaga em uma empresa do segmento de refeição corporativa, onde tive meu primeiro plano de carreira, indo de Auxiliar Administrativo a Supervisor Administrativo.  

Mas minha inquietude somada aos conhecimentos adquiridos em gestão corporativa e a extensão em negociações empresariais, me trouxeram para onde estou hoje: uma das maiores indústrias de tabaco no mundo, local em que a matéria-prima produzida pelos meus bisavós, avós e pais é transformada depois de um processo de manufatura. Chegar aqui também não foi fácil, mas acreditei nas minhas raízes como uma fortaleza que me capacitava para estar no setor, onde tudo era grande aos meus olhos – desde a competência técnica das pessoas ao nível de inglês fluente de todos, algo que eu ainda não tinha e que, não posso negar, despertou em mim um sentimento de inferioridade por ter vindo do campo. 

Hoje, transcorridos sete anos desde o início com uma posição júnior na empresa, vejo o quanto as raízes de fumicultor na minha história familiar foram também meus grandes diferenciais dentro da empresa. Afinal, quem melhor do que uma pessoa que viu muitas sementes de tabaco crescendo, para agregar valor ao negócio, no processo de manufatura? 

Agora, como executivo de Negócios, acredito que todo o trabalho árduo dos meus pais em me incentivar aos estudos, desde sempre, serviram de base para que eu pudesse me sentir parte da transformação que acontece nesse momento não só na empresa onde atuo, mas no setor como um todo. Ao contrário do que aconteceu com meus bisavós, a colheita hoje adota tecnologias e maquinários, que passam bem longe do processo artesanal iniciado por eles. São conquistas que trouxeram melhores condições de trabalho e de vida não só para a minha família, mas para centenas de outras que se desenvolveram em torno de um produto estigmatizado, mas que posiciona o Brasil como o maior exportador de tabaco do mundo.  

A relevância econômica do cultivo do tabaco não pode ser ignorada e as histórias bem sucedidas de pessoas e famílias que conquistaram pequenas vitórias a partir disso, também não. Eu sou uma fotografia 3x4 das muitas histórias boas que temos por aqui e carrego comigo o orgulho em contar essa história, que vem carregada do cheiro de terra, da força do homem do campo e da concretização dos sonhos de centenas de famílias que sempre desejaram uma única coisa: oportunidade de estudo para todos.  

   

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