ISCTE Executive Education apresenta estudo sobre a competitividade do setor industrial de tabaco em Portugal

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É a quinta produção mais relevante para as vendas da indústria nacional e responsável por 15% das vendas de cigarros na Europa. Presente no Continente e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, este setor impacta cerca de 44 mil pessoas

O ISCTE Executive Education apresentou, no passado dia 30 de março, o estudo “O impacto social e económico da indústria de tabaco em Portugal”, que faz um retrato aprofundado deste setor produtivo, responsável pela quinta produção mais relevante para as vendas da indústria nacional e por 15% das vendas de cigarros na Europa. Fileira fundamental da indústria transformadora em Portugal, o fabrico de produtos de tabaco existe desde o início do século XVI, tendo esta indústria conhecido grande dinamismo na segunda metade do século XIX, quando existiam cerca de meia centena de fábricas a laborar em todo o país. Atualmente, são três os grupos empresariais com produção industrial: a Tabaqueira | PMI, a Fábrica de Tabaco Micaelense (FTM) e a Empresa Madeirense de Tabacos (EMT), num total de quatro unidades produtivas distribuídas pelo território continental e pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Promovido pela Tabaqueira, o principal operador desta indústria em Portugal, o estudo tem como objetivo estimar o real contributo económico e social desta indústria transformadora em Portugal, considerando três dimensões de análise – a social, a fiscal e a económica –, seja por via do seu impacto direto (relacionado com a atividade dos grupos empresariais do setor do tabaco em Portugal), seja através do seu impacto indireto (localizado ao nível das empresas que fornecem serviços e bens às anteriores), por forma a abarcar a longa cadeia de valor que depende desta atividade, incluindo fornecedores, colaboradores, distribuidores, clientes empresariais, clientes individuais, o Estado, entre outros.

Disponível na íntegra no site do ISCTE Executive Education, o estudo realizado permite observar que:

  • o setor industrial de tabaco, em 2021, impactou diretamente 3.186 trabalhadores (indústria e fornecedores), mas o seu espaço de influência é muito superior quando considerada a sua cadeia de valor, ao interagir com um universo total de 43.848 pessoas – incluindo trabalhadores em distribuidores e em canais de venda e respetivas empresas fornecedoras. É nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira que se verifica uma maior proporção da população ativa impactada pela atividade gerada pela indústria.
  • No mesmo ano, a operação e a comercialização dos produtos fabricados pelos três grupos empresariais do setor do tabaco gerou receitas para o Estado de aproximadamente €1,2 mil milhões, quase €3,3 milhões por dia.
  • Quando segmentadas por atividade económica, as empresas deste setor ocupam a 2ª posição no universo da indústria transformadora relativamente ao volume de negócios médio, logo após as empresas do setor petrolífero. Adicionalmente, o volume de negócios médio do setor industrial de transformação de tabaco é 106 vezes superior ao registado pelas empresas dos vários setores da indústria transformadora portuguesa.
  • Este setor industrial registou ainda, em 2021, um contributo de €260 milhões para o Valor Acrescentado Bruto total do produto interno bruto português: por cada euro investido pelos três grupos empresariais do setor foram gerados €1,40 na economia nacional.
  • Igualmente, a sua contribuição foi muito positiva para a balança comercial portuguesa, com um saldo positivo de €589 milhões.
Tabaqueira está no TOP50 das maiores empresas e é o 7º grupo exportador

A Tabaqueira é o principal operador económico do setor e posiciona-se entre as 50 maiores empresas portuguesas. Sendo o principal cliente da Fábrica de Tabaco Micaelense e um dos mais relevantes da Empresa Madeirense de Tabacos, assume-se também como um importante agente dinamizador da economia nacional, como evidencia o volume de compras anual (€114,5 milhões) a fornecedores nacionais (2.570, 93% do total) em 2021.

Segundo os dados disponibilizados pela Tabaqueira para este estudo:

  • Desde 1997, ano em que adquiriu a Tabaqueira, a Philip Morris International investe anualmente, em média, cerca de €15 milhões anuais em Portugal, o que tem permitido à sua filial portuguesa alocar recursos à transformação da atividade – com maior foco na eficiência, na descarbonização e na sustentabilidade da operação.
  • Em 25 anos, a capacidade produtiva da Tabaqueira duplicou e a sua vocação tornou-se, essencialmente, exportadora: em 2021, as exportações ascenderam a €719 milhões e equivaleram a 86% do total da produção da companhia. 
  • Para este desempenho, contribuíram igualmente os centros de excelência e departamentos globais que a multinacional tem vindo a instalar, desde 2016, no mercado nacional e que prestam serviços a outros mercados e regiões do grupo PMI. Em 2021, cerca de 9% do volume de negócios da empresa (mais de €36 milhões) – e 5% do valor exportado – já correspondeu à prestação de serviços de alto valor acrescentado, aos quais estavam alocados, então, cerca de duas centenas e meia de trabalhadores altamente qualificados.
Citado no comunicado de imprensa relativo à apresentação pública do estudo, José Crespo de Carvalho, Presidente da Comissão Executiva do ISCTE Executive Education, afirmou: “Este setor produtivo tem mais de cinco séculos de história em Portugal e sempre foi um dos motores da indústria transformadora. Na segunda metade do século XIX chegaram a existir 46 fábricas de fabrico de produtos de tabaco em Portugal em atividade, mas o caminho subsequente foi o de consolidação. Atualmente, os três grupos empresariais que constituem esta indústria dinamizam uma atividade económica assente numa longa cadeia de valor, com muitos milhares de outros agentes económicos, e que, apesar de pouco conhecida, é um dos pilares da indústria portuguesa. Basta lembrar que, em 2020, em plena pandemia, o fabrico de cigarros foi uma das duas únicas atividades industriais (com a fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas) a contribuir de forma positiva para as vendas da indústria nacional.”

Acrescenta: “Este estudo permite perceber a resiliência e o peso de um setor que, não só dinamiza todo o território nacional, como atrai investimento para o mercado português e tem uma forte componente exportadora, assumindo um peso muito relevante nas vendas do mercado europeu –  cerca de 15% do total, 10 vezes mais do que aquilo que a economia portuguesa representa no seio da UE. Importa, por isso, acompanhar o processo de transformação em curso deste setor: numa altura em que o consumo de cigarros cai em toda a Europa, é importante garantir as condições para a transformação desta indústria. A sua resiliência e competitividade são cruciais para a indústria nacional.”

Já Marcelo Nico, Diretor-geral da Tabaqueira, referiu na mesma nota de imprensa: “Os últimos anos têm sido de grande transformação da nossa atividade, visto que o nosso grupo assumiu publicamente, em 2016, a ambição de transformar o seu negócio e caminhar progressivamente para o fim da comercialização de cigarros, tendo investido desde 2008 mais de €9 mil milhões no desenvolvimento, substanciação científica, fabrico, comercialização e inovação contínua de produtos sem combustão, substanciados em evidência científica e com potencial de redução de risco. Perante esta mudança de paradigma, é importante adequar as condições de contexto para que este setor se mantenha competitivo e como um dos motores industriais da economia portuguesa.”

O estudo “O impacto económico e social da indústria de tabaco em Portugal” foi apresentado no passado dia 30 de março na conferência organizada pelo ISCTE Executive Education, “Investir em Portugal: Transformação, Inovação e Competitividade”, onde um painel de debate, que incluiu além da Tabaqueira outras grandes empresas industriais, como a Navigator e a Galp, discutiu aqueles que são os fatores cruciais de sucesso da indústria e economia nacionais.

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